O amor às filhas transformou até o maior dos vilões em um cara super legal.
Esses dias estava revendo o início da história, o primeiro filme. E como já era a terceira ou quarta vez passei a ver com outra ótica.
Nas primeiras, assisti com olhos de lazer e diversão. De fato é uma animação muito engraçada. Dessa vez eu analisei mais friamente o personagem.
Se não fosse uma animação, um vilão dessa maneira não poderia ser tão adorado. Ele não faz atrocidades apenas quando está cometendo algum roubo ou algo do tipo. Ele é mal o tempo todo com todos. Até que algo o transforma. E é nesse ponto que a ficção, a animação se mistura com a realidade.
Ao adotar 3 filhas órfãs aos poucos seu coração derrete. Mesmo tendo que contar histórias antes de dormir, ter que dar beijinho de boa noite já sem paciência, a revolução de um filho em nossas vidas é de virar qualquer um do avesso. Em todos os sentidos. Primeiro pelo trabalho que dá. Os últimos meses de gravidez você conta os minutos para que aquele ser venha ao mundo. É uma ansiedade pra ver aquele rostinho sorrindo que não cabe dentro da gente. Depois que nasce a gente descobre que os sorrisos não são tão frequentes e que ele chora quando quer comer, dormir, virar, piscar, fazer cocô e chora também quando quer chorar. E a gente começa a perguntar porque estávamos tão ansiosos; que podíamos ter dormido um pouco mais durante a gravidez.
Passamos a dormir 2/3 horas por dia. Ficamos exaustos. E mesmo assim, estranhamente, amamos aquele pequeno ser que não nos deixa dormir de forma inexplicável. Quando você está quase completando 24h acordado e pela 10ª vez carrega o pequeno no colo pra tentar descobrir porque ele não dorme e ele simplesmente olha nos seus olhos, tudo se transforma. É tão gratificante, que funciona como uma bateria quase carregada. Mas essa bateria, que realmente revigora, é só uma sensação. Você vai continuar exausto. Mas sabe que vale a pena. E esse sentimento faz você, mesmo exausto, acordar, trocar uma fralda, fazer aviãozinho na hora da comida com o maior amor do mundo. Um único sorriso, um olhar ou gargalhada vale por 7 dias sem dormir. Acredite.
O acompanhamento do desenvolvimento é algo extraordinário. Nos primeiros meses o olhar do bebê é vago. Ele não olha diretamente para nada. Com dias ou semanas (não me lembro exatamente) ele consegue acompanhar um movimento e passa a te reconhecer. Imagino que ele enxergue a mãe, como um grande prato de comida e o pai como uma cadeira de balanço gigante.
O amor de um filho (3 filhas pra ser mais exato) transformou até o mais malvado dos vilões em um cara legal. Se você está pensando se deve ou não ter filhos, dou uma dica: Não pense. Tenha.
É a melhor experiência que um ser humano pode ter.
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Sou Rafa Andrade, fundador do Sem Choro, empreendedor, Designer Gráfico e Web, Diretor da Agência iMAGON, pai do João e (daqui a pouco) do Marcelo. Pai solteiro até me casar com a mãe de criação e coração do João, a Bebela (como o João a apelidou).
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