O Sem Choro é um Guia Infantil voltado para os pais. A Criança é o tesouro. Nós somos o mapa.

“Seu filho vai morar com você?”

Paternidade

Um dia Sem Choro para todos.

Essa história se passa em meados de 2009 e retrata muito bem a realidade de muitos filhos que tem os pais biológicos separados. Mas não a minha…

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Com um ano e pouco de vida do João, eu e sua mãe biológica não tínhamos mais um relacionamento e por achar que ela não tinha condições de criá-lo sozinha naquele momento, eu não aceitei que ele ficasse com ela. Não vou entrar em detalhes, porque essa história por si só já é longa o bastante…

Feito isso, eu voltei a morar com minha mãe, que já havia mudado de casa e não tinha mais espaço pra mim. Espaço tinha. O que quero dizer é que não tinha mais um quarto. Afinal de contas eu sai sozinho de casa e voltei em dupla. Então, dormi durante alguns meses no quarto dela, o João no quarto da minha irmã, que era onde tinha espaço para um berço e nossas roupas espalhadas por todos os cantos da casa. Ahh e meu escritório com mesas e computadores… na sala. Em cima da mesa de jantar.

Escrevendo assim até parece drámatico, na época realmente foi! Mas hoje é até um pouco engraçado… rs… Coração de mãe sempre cabe mais um…

Era uma bagunça, mas casa de vó sempre tem harmonia e paz. Isso já bastava naquele momento. Na verdade isso já basta em praticamente todos os momentos… Enfim, começo dessa forma apenas para contextualizar a história… Certa vez minha terapeuta contou uma caso de um pai que morava com o filho:

Um mulher deu a luz e largou a criança com o pai. Nunca mais quis saber e o pai nunca correu atrás de questões legais. Depois de 7 ou 8 anos,  o pai já tinha outros filhos, família e uma nova vida. Quem aparece? A mãe biológica. Convenceu-o que estava arrependida e só queria contato com o filho. Ele foi cedendo e ela passou a ter mais contato. Um belo dia… sumiu com o menino. Como não tinha nada legalmente entre os dois e ela era mãe biológica, ele se encontrou em uma tremenda roubada.

Até provar o que realmente estava acontecendo, passaram-se 1 ou 2 anos…

Nessa mesma época já estava namorando minha esposa e ela também frisava: “Coloca a situação no papel que você evita qualquer dor de cabeça no futuro”.

Tive que embarcar nessa de entrar na justiça pra deixar tudo legal. Queria evitar a dor de cabeça, mas assumo que foi um acerto. Teria muito mais dor de cabeça lá na frente se não tivesse tomado essa decisão.

Aí que aconteceu um fato curioso que dá nome a essa história.

O Juiz pediu estudo social, psicológico e financeiro dos pais.

Em poucos dias a assistente foi até minha casa e conversou comigo, em outra oportunidade com minha mãe e uma terceira vez, com minha noiva (na época). Em dias diferentes e conversas individualizadas.

Casaríamos no ano seguinte e a assistente me fez a seguinte pergunta:

– E seu filho? Vai morar com você?

Eu não entendi. E respondi com outra.

– Como assim? – Nunca passou pela minha cabeça outra situação que não fosse essa.

A assistente me apresentou uma opção que justificava sua pergunta.

– Ele podia continuar morando com sua mãe.

Continuei estranhando a pergunta mas só respondi meio constrangido.

– Não não. Ele é meu filho e vai morar comigo.

Ela repetiu essa mesma pergunta pra minha mãe e pra Bela. Ambas tiveram a mesma reação:

– Como assim?

Como já estava noivo, a Bela já sabia das “condições” para casarmos. Era um pacote. Case com um e leve dois. Como isso também já era muito claro pra ela, a pergunta também gerou estranheza.

Somente dias depois que parei pra pensar na realidade que essa assistente se depara cotidianamente. Com certeza é mais comum que eu imagino: Um casal jovem tem filho, o relacionamento não dá certo e a criança vai morar com um dos avós…

É triste saber dessa verdade, porém, é melhor que a criança fique com o amor de uma avó ou avô do que com a imaturidade de uma mãe ou um pai.

Um ano e meio depois nos casamos e mudamos novamente. Agora com a família completa. Pai, filho e mãe de coração.

Acredito que a nossa geração é de mães e pais cada dia mais atentos e preocupados com a criação dos filhos e que esse tipo de situação será cada dia mais rara. Já os pais separados… bem… esse fato já não acho que deve diminuir. Só torço para que quando isso ocorrer ambos sempre pensem no bem da criança acima de qualquer coisa.

 

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Rafael Andrade - Fundador do Sem Choro

Sou Rafael Andrade, fundador do Sem Choro, empreendedor, Designer Gráfico e Web, Diretor da Agência iMAGON, pai do João e (daqui a pouco) do Marcelo. Pai solteiro até me casar com a mãe de criação e coração do João, a Bebela (como o João a apelidou).

contato: rafael@semchoro.com.br

 

 

 

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