Meditação com crianças. O relato de um pai que, com 10 passos conseguiu meditar com sua filha
Paternidade
A prática da meditação com crianças pode ajudar na melhoria da qualidade de vida e trazer uma série de benefícios.
Pesquisas apontam que a criançada de hoje é exposta à altos níveis de estímulos que levam ao estresse. Desde pequenininhas são sujeitadas a um turbilhão de informações, além do excesso de tarefas e atividades. Esses estímulos trazem o aumento da atividade cerebral, e como consequência podem causar efeitos na saúde mental e física dos pequenos.
A prática da meditação com crianças pode ajudar na melhoria da qualidade de vida e trazer uma série de benefícios: tranquiliza, ajuda na concentração, diminui a ansiedade, controla as emoções e ensina a criar uma rotina de disciplina.
O Glaucus Passos, pai da Isadora relata no texto a seguir sua experiência de prática da meditação com a filha, desde os primeiros meses de vida.
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Sempre fui um fã da Meditação. Gosto de ler sobre o tema, estudar a vasta biografia sobre o assunto, navegar pelos sites e blogs, discutir com pessoas amigas os benefícios e enormes poderes desta técnica para a vida, saúde mental, esportes e relacionamentos.
Nos últimos 10 anos busquei me aprofundar ainda mais. Fiz cursos de meditação, terapia transpessoal, seminários de autoconhecimento, formação em Free Mind (o Poder da mente Positiva) e tive a oportunidade de fazer um curso de 2 semanas em Dharamsala, no norte da Índia – onde hoje vivem boa partes dos monges Tibetanos.
Parece muita coisa! Na teoria sim, mas na prática vivia o mal que boa parte das pessoas que gostam do assunto sofrem. O mal da disciplina. Como repetir algo todos os dias do ano, algo que de início pode não parecer tão prazeroso? Como definir um horário determinado e disciplinar a prática sem recorrer as velhas desculpas de sempre: ”hoje não dá, estou atrasado para a reunião”, ”vou deixar para fazer à noite”? Em resumo, eu procurava um caminho para a disciplina, caminho este que é particular para cada indivíduo. Já tinha tentado alguns métodos, mas falhei.
Um novo ciclo de vida com a chegada do bebê
No fim de 2016 nasceu minha filha Isadora. Com a chegada de uma linda princesinha, um novo ciclo na minha vida e da minha esposa se iniciou. No início as adaptações típicas de primeiro filho se misturavam com emoções e medos. Com o passar dos meses, aprendemos a curtir cada novo dia, o prazer de sentir um novo gesto, conhecer um novo som. São sentimentos únicos que só quem é pai um dia pode descrever.
Com aproximadamente 4 meses e meio de vida de Isadora, quando ela já tinha mais firmeza na coluna lombar, veio uma inspiração. “Porque não trazer minha filha para meditar comigo?” Pensei que poderia ser uma maluquice, mas decidi tentar e ver os resultados.
Deste momento em diante iniciamos uma jornada juntos. E é essa experiência que quero compartilhar, pois já são quase 5 meses de prática e a cada dia percebo o quanto isso tem sido gratificante para nós dois e como temos evoluído juntos.
Nos primeiros dias nada foi fácil! Ela não parava quieta, estranhava aquela posição e o ambiente. Era a agitação natural de um bebê de 4 meses. Com paciência começamos devagar. Iniciamos com dez minutos de meditação entre altos e baixos. Era uma loteria! Em um dia ela ficava quieta e tranquila, em outro era difícil conter a agitação.
A evolução da meditação
Os dias e meses foram se passando e as transformações acontecendo. Ela passou a reconhecer o meu chamado, o toque da música e tambores xamânicos de fundo, a minha mão sobre sua barriguinha mantendo-a junto ao meu corpo na meditação. E a duração da atividade foi aumentando gradativamente ao longo do tempo.
Hoje a mágica acontece! Ela se porta sempre muito calma no momento da meditação. Muito difícil termos um dia atípico. Ela reconhece o momento da prática virando sua cabecinha para me observar e percebe a tranquilidade da meditação. Eu, às vezes, me esqueço que ela está sentada junto a mim de tão especial que se tornou esta ligação.
Para quem curte meditação e quiser tentar praticá-la com seu/sua filho/a, seguem 10 dicas importantes que funcionaram para nós:
- Inicie após 4 ou 5 meses de vida do bebê para conseguir praticar na posição sentada;
- Tenha um local próprio e fixo para meditar, de preferência um local calmo e longe da agitação e procure sempre fazer isto no mesmo horário do dia. Ter sempre o mesmo local é ideal para o bebê entender o momento;
- Escolha um horário bom para você e que seu bebê esteja alimentado, hidratado e sem sono;
- Sente-se sobre uma almofada em posição tradicional de meditação, de preferência apoiando suas costas para melhor sustentação. Coloque o bebê sobre uma pequena almofada sentado entre suas pernas. Apoie as costas do bebê em sua barriga e usando as mãos, segure a barriguinha dele em leve pressão;
- Inicie devagar. No início, dez minutos no máximo. Sempre acredite que a disciplina e o tempo farão o papel na evolução da prática. Nesta fase não passe de 20 minutos de meditação pois os bebés têm certa dificuldade de ficar na mesma posição;
- Não forneça nenhum objeto ou brinquedo para o bebê. Isso tira o foco do momento presente;
- Nos dias em que seu bebê estiver muito agitado, entenda e procure acalmá-lo. Se necessário, interrompa a meditação. Lembre-se que cada dia é uma nova experiência. Tenha paciência!;
- Use sempre uma chamada padrão para a meditação. No meu caso, sempre pego minha filha nos braços e falo: “Filha vamos para a aula”! Ela já entende e imediatamente dá um sorriso gostoso;
- Escolha a mesma música de fundo na meditação. Isso facilita a identificação sonora do bebê;
- No término da meditação, fique mais alguns minutos com seu bebê já abraçado junto ao seu corpo, curtindo a aproximação e demonstrando gratidão por ter compartilhado este momento com você.
No mais, é curtir a viagem! Não sei o que isso vai refletir na vida de vocês. Na minha vida, a paternidade é uma missão divina, mágica e transcendental. E se eu procurava um caminho para a disciplina, minha filha foi meu caminho!
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Glaucus Passos Botinha – Empresário e Pai
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